Condições de vida e moradia de Dona Terezinha revelam dura realidade enfrentada pela idosa na cidade de Patos

A senhora Terezinha Marculino de Araújo, de 91 anos, foi resgatada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) na tarde da segunda-feira, dia 16, quando estava caídas às margens […]



A senhora Terezinha Marculino de Araújo, de 91 anos, foi resgatada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) na tarde da segunda-feira, dia 16, quando estava caídas às margens da BR 230, nas proximidades da Distribuidora de Bebidas Itaipava, no Bairro Novo Horizonte, em Patos.

A idosa foi avistada por um caminhoneiro que acionou o SAMU diante da cena. Dona Terezinha relatou para a equipe de socorristas que se sentiu mal e pode ter desmaiado. Quando ela foi resgatada estava ao lado do seu filho. Ela relatou fome. A idosa estava muito suja e ao receber os cuidados, ainda na ambulância, depois foi levada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Otávio Pires de Lacerda.

Na manhã desta terça-feira, dia 17, a reportagem do Polêmica esteve na residência de Dona Terezinha, onde ela mora com o filho Edivaldo Marculino, de 50 anos. A casa simples fica num local ermo e de difícil localização, pois está na divisa entre o Bairro Novo Horizonte com a comunidade Vila Mariana, em uma área desabitada e de rua projetada.

A casa é própria. Dona Terezinha diz que fez muito sacrifício para comprar o imóvel há muitos anos. A idosa teve 12 filhos e 8 sobreviveram. Ela disse que se separou do marido por questões de desrespeito por parte dele e decidiu criar seus filhos sozinha. Além de Edivaldo, outro filho mora nas proximidades da casa, mas tem transtorno mental e é arredio. Este filho e a esposa vivem de coleta de material reciclável nos lixos das imediações do bairro.

Na residência simples, a ausência de móveis e de conforto é perceptível. Na sala, uma rede serve para os momentos de descanso. Na casa não existem cadeiras, nem fogão a gás, nem geladeira, nem armário, nem pia de lavar e as questões sanitárias estão ausentes. Uma pequena televisão e um rádio ficam sobre um móvel e as roupas estão pelo chão e em caixas de papelão.

No muro, um fogão improvisado estava aceso e uma panela cozinhava o feijão para o almoço. Edivaldo disse que ele mesmo faz a comida para ele e sua mãe. Dona Terezinha disse que o dinheiro da aposentadoria, que ela chama de “mil cruzeiros”, não dá para quase nada quando se compra remédios, paga água, luz, alimentos e o que mais se precisa.

Após a repercussão do caso da idosa, algumas pessoas se dispuseram a ajudar. Ocorre que sem telefone de contato, sem endereço que ofereça facilidade para se encontrar, a ajuda depende da reportagem que se dispõe a ir até a residência.

Dona Terezinha Marculino de Araújo é o retrato de números assustadores, mas que seguem invisíveis e insossos para muitos. No Brasil, de acordo com o IBGE, são mais de 100 milhões de brasileiros com insegurança alimentar, ou seja, passando fome e comendo de vez em quando sem os nutrientes necessários. Os trabalhadores assalariados também sentem o poder de compra diminuir com a inflação descontrolada. 


Jozivan Antero – Polêmica Patos


OUÇA entrevista com Dona Terezinha: