Veículo de Taise Borges estava em um estacionamento no Setor Hoteleiro Norte, durante atos de vandalismo na segunda-feira (12). Grupo também incendiou ônibus, depredou delegacia e tentou invadir sede da PF.
Taise Borges foi uma das pessoas que sofreram prejuízos com os atos de vandalismo cometidos por bolsonaristas radicais no centro de Brasília, na noite de segunda-feira (12). Ela teve o carro incendiado pelo grupo, em um estacionamento no Setor Hoteleiro Norte (SHN). Ao todo, eles atearam fogo a 5 carros e 3 ônibus, depredaram uma delegacia e tentaram invadir a sede da Polícia Federal.
A profissional estava no local onde trabalha, quando a confusão começou, conseguiu ver o veículo incendiado. “Era possível ver o carro pegando fogo da janela do escritório, no Shopping ID. Ficamos presos no prédio até as 23h, que foi quando a situação na rua se tranquilizou e tivemos coragem para descer”, conta.
“Assim que vi a situação do carro, segui para registrar o boletim de ocorrência. Estou aguardando a perícia policial e completamente em choque com a violência que vi ontem”, afirma.
Fotos registradas por Taise mostram o interior do carro totalmente destruído pelas chamas. Após o registro da ocorrência na Polícia Civil, ela aguarda os trâmites com a seguradora para tentar reduzir o prejuízo. “Agora que tá caindo a ficha e batendo o desespero”, diz.
“Não aceitam a derrota e se acham no direito de destruir o patrimônio alheio. A conivência das autoridades políticas e policiais só poderia mesmo resultar na violência que vimos ontem. Estamos nos sentindo inseguros como nunca nos sentimos no centro de Brasília“, finaliza.
O que aconteceu e o que disseram as autoridades
- Os atos de vandalismo começaram na frente da Polícia Federal, na Asa Norte, por volta de 19h30, após o cumprimento de um mandado de prisão temporária contra o indígena José Acácio Tserere Xavante, apoiador de Jair Bolsonaro;
- A prisão do indígena aconteceu por determinação do STF e atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República;
- A PGR e o STF afirmam que o Tserere é investigado por participar de atos antidemocráticos e reunir pessoas para cometer crimes; a PF diz que o preso está acompanhado de advogados e que as formalidades relativas à prisão “estão sendo adotadas nos termos da lei”.
- Após a prisão de Tserere, um grupo de radicais tentou invadir um prédio da PF e incendiou carros;
- Parte do grupo seguiu pela Asa Norte, onde realizou novos atos de vandalismo. Pelo menos um ônibus foi incendiado; botijões de gás foram espalhados em ruas da cidade;
- A Polícia Militar foi chamada e reagiu com bombas de gás e balas de borracha. Houve confronto com os radicais;
- A Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que precisou restringir o trânsito na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e em outras vias da região central;
- O secretário de Segurança, Júlio Danilo Souza Ferreira, afirmou que os participantes dos atos de vandalismo serão responsabilizados: “A partir de agora , temos imagens, filmagens, temos como identificar”. Ele não soube dizer se houver prisões.
- A região do hotel onde o presidente eleito, Lula, está hospedado teve a vigilância reforçada por equipes da PM.
- O governador Ibaneis Rocha (MDB) disse: “Por enquanto estamos agindo com as forças policiais. Todas as nossas forças policiais (…) estão nas ruas”.
- Ao blog da Andréia Sadi, o senador Flávio Dino (PSB-MA), futuro ministro da Justiça, afirmou que o “governo federal segue omisso diante dessa situação grave absurda”.
- Às 23h08, mais de duas horas depois do início dos atos, o ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, escreveu em uma rede social que o Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal, “manteve estreito contato” com a Secretaria de Segurança do DF e com o governo do DF “a fim de conter a violência e restabelecer a ordem”. Ele disse que “tudo será apurado e esclarecido” e que a situação está se normalizando”.
- O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou de “absurdos” os atos de vandalismo, “feitos por uma minoria raivosa”. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também disse repudiar violência e desordem. Veja a repercussão política.
- Segundo o Corpo de Bombeiros, três veículos de passeio e cinco ônibus foram incendiados. Portas de vidro da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte, foram quebrados. A Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes tiveram acessos bloqueados, por segurança, nesta terça-feira (13).
G1