Prestes a ser denunciado, Bolsonaro volta a atacar Moraes e TSE e surpreende aliados

Ex-mandatário retoma retórica contra as urnas eletrônicas às vésperas de ser denunciado pela PGR



Brasil 247

Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar abertamente as urnas eletrônicas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o movimento surpreendeu aliados políticos, já que, até então, o ex-mandatário vinha seguindo a orientação de evitar críticas ao STF para permitir que advogados e aliados construíssem pontes com os magistrados. Bolsonaro deve ser julgado ainda neste ano pela Corte. A expectativa é de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente a denúncia contra o ex-mandatário nas próximas semanas. 

Nem mesmo em manifestações com milhares de apoiadores, em 2024, o ex-mandatário havia avançado o sinal com ataques diretos. Agora, no entanto, um dos principais líderes partidários que o apoiam avalia que Bolsonaro se sente fortalecido pela queda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas, o que estaria levando-o a cometer deslizes estratégicos.

De acordo com a reportagem, Bolsonaro acredita que a mudança no humor do eleitorado e, consequentemente, no cenário político pode abrir caminho para a reversão de sua inelegibilidade. Essa autoconfiança explicaria o erro de intensificar as críticas a Alexandre de Moraes justamente às vésperas de seu julgamento, previsto para este semestre.

Ainda segundo a mesma liderança, Bolsonaro oscila entre seguir a estratégia traçada por aliados e agir de maneira impulsiva, tomando decisões que fogem ao planejamento de sua defesa jurídica.

Nesta semana, além de se reunir com integrantes da Organização dos Estados Americanos (OEA), que vieram ao Brasil para elaborar um relatório sobre liberdade de expressão, Bolsonaro também retomou o tema das urnas eletrônicas em mensagens enviadas a seus seguidores.

No encontro com o advogado colombiano Pedro Vaca, relator especial para a liberdade de expressão da OEA, e intermediado por um de seus advogados, Paulo Cunha Bueno, Bolsonaro reforçou sua tese de que Alexandre de Moraes manipula depoimentos, realiza “pesca probatória” e prende suspeitos sem que haja denúncia formalizada.

Além disso, Bolsonaro enviou mensagens a seus seguidores divulgando um vídeo sobre uma suposta intervenção da CIA nas eleições, questionando, na mesma publicação, por que “o TSE não suspende o sigilo do inquérito 1361”, que, segundo ele, traria indícios de fraudes nas urnas. “Qual o temor? O TSE não confia nas urnas?”, provocou.

Procurados para comentar a guinada no discurso de Bolsonaro e o encontro com representantes da OEA, outros advogados do ex-mandatário preferiram não se manifestar.