“Na área VIP pode tudo e aqui a gente não pode nada”, relata vendedora ambulante revoltada com tratamento no São João de Patos   

Desde 2009, a senhora Valdecira Lúcia trabalha como vendedora ambulante para complementar a renda familiar. Ela é trabalhadora de carteira assinada, tem filhos, é casada, mas o marido faz bicos […]



Desde 2009, a senhora Valdecira Lúcia trabalha como vendedora ambulante para complementar a renda familiar. Ela é trabalhadora de carteira assinada, tem filhos, é casada, mas o marido faz bicos para ajudar nas despesas e os dois vendem em festas como ambulantes. 

Valdecira e seu esposo Marcos relataram que a festa de São João de Patos, realizada no Terreiro do Forró, por meio de parceria público-privada entre a Prefeitura de Patos e empresa privada, tem a cada dia mostrado sua divisão de classe numa verdadeira segregação. 

O casal trabalha junto na área do povão e desabafam sobre as limitações impostas para quem é ambulante no espaço, enquanto se pode tudo na “área VIP”, que toma grande parte do Terreiro do Forró e com ingressos vendidos com média individual de R$ 700,00. Na área VIP tem mesas, cadeiras, bebidas quentes e geladas e outras liberdades negadas ao espaço popular.

Valdecira disse que na noite deste sábado, dia 22 de junho, a empresa patrocinadora e fornecedora das bebidas para o São João de Patos, neste caso a AMBEV, tem imposto quais produtos da empresa devem ser vendidos, mesmo que sejam produtos e sua marca, os ambulantes devem se submeter para oferecer apenas o que a patrocinadora determina. Isso causou revolta quando faltaram produtos no ponto de apoio da AMBEV no Terreiro do Forró e os vendedores ambulantes compraram em outro local e, mesmo sendo da marca, foram barrados na entrada por seguranças.

“Me senti humilhada. Além disso, temos que chegar às cinco horas da tarde para o Terreiro do Forró e se chegarmos atrasados por algum motivo, não podemos entrar. Tenho crianças e fazemos esforços grandes para estar aqui vendendo e, muitas vezes, sendo humilhados pela organização e por muitos”, relatou Valdecira.

A Prefeitura Municipal de Patos tem tornado público que a festa não tem como ser realizada sem a parceria com a iniciativa privada e no atual modelo que entrega o evento para uma empresa de eventos. Os cofres públicos destinaram Dois Milhões de Reais para a empresa vencedora e ela arrecada mais recursos com patrocinadores para cobrir despesas e tirar seu lucro, determinando regras nos espaços.


Jozivan Antero – Polêmica Patos