No dia 11 de outubro de 1923, no então pequeno município de Patos, um crime brutal contra uma criança abala a população. A pequena Francisca Marta é morta após uma surra desproporcional praticada por sua patroa, Domila Emerenciano de Araújo. O crime foi acobertado por seu esposo, Absalão.
De acordo com relatos históricos, a pequena Francisca Marta foi deixada pelos seus pais aos cuidados do casal Domila e Absalão. Na época, os pais da criança fugiam da situação de fome e miséria e acreditavam que a menina, ficando aos cuidados do casal, teria um lar de afeto e cuidados, porém Francisca foi usada para trabalhos domésticos e submetida a maus tratos.
Na noite desta sexta-feira, dia 06 de outubro, o professor doutor Tiago Leite, do curso de Direito do Centro Universitário de Patos (UNIFIP), promoveu um júri-debate sobre os fatos em torno do crime e os acontecimentos após o caso. O evento aconteceu no auditório do curso e contou com o jornalista historiador Damião Lucena, o professor Delzymar Dias, o teólogo Gildomar Candeia, o próprio doutor Tiago e a mesa foi presidida pela professora Socorro Nóbrega.
O evento foi restrito e teve como público alguns convidados e os estudantes do curso de direito da UNIFIP. Fatos relevantes, análise da apuração e julgamento do crime, observações polêmicas, mudanças ao longo dos anos na legislação, questões religiosas em torno da menina Francisca e diversas questões tornaram o júri-debate extremamente interessante nas abordagens.
Damião Lucena abordou os fatos históricos e seus detalhes do processo que gerou muitas críticas na época. O jornalista disse que o processo passou quase 10 anos parado diante da influência do casal com as forças políticas. Durante o júri o casal Absalão e Domila acabou sendo absolvido. Damião também falou sobre o processo de construção da capela ao parque Religioso Cruz da Menina e criticou a falta de atividades no local atualmente.
Delzymar Dias fez um comparativo sociológico sobre outros casos de exploração da criança e das mulheres vítimas e da necessidade da proteção diante da vulnerabilidade. Delzymar mostrou a evolução das leis e a necessidade de continuar a luta contra as explorações.
Gildomar Candeia abordou a luta pela beatificação de Francisca Marta que já é considerada Santa pelo povo sertanejo. Ele relatou que, por muitas vezes, mesmo não acontecendo a canonização, alguns são santos pelo poder da fé e dos milagres atribuídos à pessoa. No caso de Francisca, essa força vem do fato de ser uma criança pura, sem maldades no coração e que foi vítima de um crime brutal.
Tiago Medeiros expôs sobre o avanço do direito na sociedade democrática e das diferenças atualmente nos júris. O professor disse que haverá outros acontecimentos em torno dos 100 anos do assassinato da Menina Francisca e essa atividade faz parte da contribuição para um fato tão relevante, marcante e histórico para Patos.
Jozivan Antero – Polêmica Patos
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