Praça do CEPA se torna símbolo da miséria que assola o país com pessoas em vulnerabilidade social extrema no centro de Patos

Na música Guerreiro Menino, o imortal Gonzaguinha escreveu: “Um homem se humilha se castram seu sonho! Seu sonho é sua vida. E a vida é trabalho. E sem o seu […]



Na música Guerreiro Menino, o imortal Gonzaguinha escreveu: “Um homem se humilha se castram seu sonho! Seu sonho é sua vida. E a vida é trabalho. E sem o seu trabalho, um homem não tem honra! E sem a sua honra se morre, se mata!”. A canção é de 1983 e encontra-se cada vez mais atual diante do cenário de miséria, desemprego, desespero e angústia que atinge milhões e milhões de brasileiros todos os dias.

De acordo com informações da Pastoral de Comunicação da Igreja Católica, 180 pessoas em vulnerabilidade social extrema ou em situação de rua são atendidas por meio do Projeto de Ação Solidária. Diariamente, homens e mulheres recebem café da manhã e almoço num esforço cada vez maior da igreja que põe em prática a fraternidade e a solidariedade. Essas pessoas estão em diversos locais da cidade de Patos e alguns se concentram na Praça Edivaldo Mota, a popular Praça do CEPA.

Maria Joseny, conhecida por Josa, relatou que atualmente existem pessoas de Patos, Juazeiro, Campina Grande, Petrolina, Recife e até de Curitiba. Alguns dormem na porta da Igreja Catedral de Nossa Senhora da Guia, Mercado Público, na antiga rodoviária e na Praça do CEPA. Josa disse que a cidade de Patos precisa de um albergue e tal pedido foi feito no Município de Patos através do Orçamento Participativo.

Sujeira e restos de objetos deixados na Concha Acústica Nilson Batista

Sem a ação fraterna e cristã da Igreja Católica e também de outras instituições, a situação das pessoas em vulnerabilidade social extrema e em situação de rua seria ainda pior. Dados oficiais confirmam que existem mais de 33 milhões de pessoas passando fome, mais de 115 milhões com insegurança alimentar e outros milhões vivendo de favores em casas de familiares e sobrevivendo de trabalhos informais, os chamados bicos.

A miséria tem gerado outras mazelas sociais, tais como a violência, prostituição, drogas, trabalho escravo e a arregimentação de pessoas para o tráfico. Muitas pessoas em vulnerabilidade social também desenvolvem transtornos mentais por não conseguirem sair da situação de desespero.

Os moradores das imediações da Praça do CEPA tem questionado o poder público em decorrência da situação de insegurança, sujeira e do consumo de drogas na localidade. Diariamente, a Praça tem servido de abrigo para pessoas em situação de rua e isso tem causado afastamentos de famílias do local que temem violência.

Na manhã desta quarta-feira, dia 3 de agosto, a senhora Wedna Macena, de 35 anos, vendeu o botijão de gás de cozinha para poder pagar o aluguel do casebre em que mora com sua filha de 12 anos. A dona de casa disse que teme ter que ir morar na rua com a garota, pois a fome e a falta de emprego está causando desespero e não existe perspectiva de melhora. “Tá tudo caro! O pouco que eu recebo do Bolsa Família não dá para quase nada”, desabafou Wedna.

Wedna Macena

Com o custo de vida em alta, inflação fora de controle, desemprego atingindo milhões de brasileiros e a política governamental voltada para beneficiar grandes grupos empresariais e o agronegócio, o Brasil vive uma convulsão social visível para alguns e ignorada por outros. O reflexo disso é a violência e dados do Fórum Brasileiro da Segurança Pública revelam que 130 pessoas são mortas de forma violenta todo dia. 

O sociólogo Edval Nunes Cajá revelou que a saída para a grave crise social no Brasil passa por ações governamentais sérias. Para Cajá, o governo deve realizar uma reforma agrária, voltar a produção agrícola para acabar a fome no país e não para a exportação, fazer a taxação das grandes fortunas e promover reforma urbana e revogar outras reformas, a exemplo da trabalhista, previdenciária e etc, que provocaram mais miséria aos trabalhadores e o povo.


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