Era por volta das 19h30 da quarta-feira, dia 28, na Rua Rui Barbosa, Centro de Patos, quando “Paulo”, “Pedro” e “Beatriz” vasculharam as sacolas de lixo deixadas no meio fio para serem recolhidas pela empresa da coleta dos resíduos sólidos que presta serviço a Prefeitura Municipal de Patos.
Ao lado das crianças estão seus pais que também vasculham algum objeto que possa ser aproveitado para venda nas sucatas. A reportagem conversou com a mãe de “Pedro” e “Beatriz”, nomes fictícios de uma história real. A mãe tinha uma carroça improvisada que era empurrada pelo pequeno destemido. Ela disse que as crianças são seus filhos.
Minutos depois, “Paulo” surge ao lado do seu pai que tem uma bicicleta com um caixote amarrado ao bagageiro. O menino ágil logo desamarra as sacolas e coloca o que achou no lixo dentro da caixa enquanto o pai pega outros objetos. Tudo tem que ser rápido para todos, pois logo o caminhão com os garis vai chegar.
Com a disparada da inflação, custo de vida cada vez mais caro, aumento de gêneros alimentícios e o desemprego em alta, a miséria está levando várias famílias para alternativas da coleta de material reciclado que vem sendo disputado cada vez mais. São famílias que vasculham sacolas nas ruas e outras dezenas que vivem no lixão.
Dados oficiais são de que a insegurança alimentar já atinge mais de 50 milhões de brasileiros, entre estas crianças. Os números são estarrecedores e mostram uma realidade ainda pior: sem alimentação correta, a saúde fica debilitada e causa problemas ainda maiores. As informações são do órgão da ONU para alimentação e agricultura (FAO), mas basta ter sensibilidade para ver que a realidade pode ser ainda mais devastadora, pois muitos dados estão sem atualização.
Enquanto os seguidores do presidente Bolsonaro tentam esconder os números, a realidade está cada vez mais nua e crua nas ruas das pequenas e grandes cidades.
Jozivan Antero – Polêmica Patos
