As últimas restrições impostas para conter a propagação da pandemia no Estado de Nova York são histórias a partir desta terça-feira graças a uma taxa de vacinação que atinge total ou parcialmente 70% da população adulta. Embora a cidade tenha voltado à normalidade quase completa em meados de maio, incluindo a reabertura do metrô 24 horas por dia, o governador do Estado, o democrata Andrew Cuomo, anunciou, com efeito imediato, o fim das limitações pendentes, exceto em estabelecimentos de saúde, creches e meios de transporte público, onde ainda deve ser usada máscara. O anúncio acontece no mesmo dia em que os Estados Unidos ultrapassaram as 600.000 mortes por coronavírus.
Orgulhoso da adoção de medidas “que demonstraram ser corretas”, o governador Cuomo destacou que o Estado atingiu a meta de vacinar pelo menos 70% dos adultos com uma dose “antes do previsto”, o que foi anunciado nesta segunda-feira. “70% de vacinação é a meta nacional. 70% significa que podemos voltar à vida como a conhecíamos”, disse Cuomo em uma coletiva de imprensa frequentemente interrompida por aplausos.
Embora o veterano governador seja objeto de várias investigações ―uma, especificamente, pela disparidade no número de mortos de covid-19 em residências de idosos―, sempre exaltou sua gestão da pandemia. De fato, o fim das limitações será comemorado nesta noite com fogos de artifício em diferentes pontos do Estado, um espetáculo que, segundo ele, servirá também como homenagem aos trabalhadores essenciais.
O anúncio, porém, é um tanto enganoso. As restrições do Governo Federal, determinadas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês), permanecerão em vigor. O que acaba hoje são as restrições em espaços públicos, shopping centers e lojas de varejo e instalações esportivas e recreativas. “As lojas podem abrir, porque as ordens estaduais não estão mais em vigor, nem há restrições de fluxo ou capacidade, nem é necessário medir a temperatura nem é necessário continuar com os protocolos extraordinários de limpeza e desinfecção”, como os que mantiveram, por exemplo, o metrô, que fechou durante meses no horário da madrugada.
A taxa de positividade do coronavírus atualmente é de 0,4% no Estado, o menor número do país, segundo Cuomo. Um panorama radicalmente diferente da cidade ―e do Estado― como epicentro da pandemia nos Estados Unidos há exatamente um ano, em abril e maio de 2020, quando a prevalência do vírus obrigou a fechar a economia. A atividade não se recuperaria brevemente até o outono, antes da segunda onda no início de 2021.
“Na vida não se deve voltar ao ponto em que estava porque a vida continua. Aprendemos muito durante este ano, também conquistamos muitas coisas e agora o desafio deve ser reimaginar Nova York para que seja melhor do que nunca. Temos que capitalizar este momento para transformar e refazer Nova York”, disse Cuomo, que deixou a critério das pessoas e de algumas empresas a adoção de medidas preventivas.
O governador lembrou que o Estado continuará incentivando a população ainda não imunizada a se vacinar. O ritmo de vacinação diminuiu em todo o país, e a evolução da pandemia, com a variante delta ou indiana predominante no país, não está decidida. Especialmente quando nos meios de transporte era mais do que frequente encontrar viajantes sem máscara, mesmo antes de grande parte das restrições serem levantadas em maio.
No olho do furacão durante semanas devido a acusações de assédio sexual, a suposta maquiagem de dados de falecidos em asilos e algumas irregularidades em torno do livro em que narrou sua bem-sucedida gestão da pandemia, Cuomo fez hoje uma entrada triunfal em um edifício emblemático da cidade, o World Trade Center, para comemorar o que definiu como “um dia para recordar”. Trabalhadores essenciais e de saúde compareceram à encenação, ao menos oficial, do fim da pandemia em Nova York, para aplaudi-lo freneticamente. O Empire State Building e outros edifícios icônicos do Estado foram iluminados na noite de terça-feira com luzes azuis e douradas, as cores de Nova York. O Estado se junta assim à Califórnia, onde medidas como a distância de segurança de 1,8 metro, o uso de máscaras e a limitação de capacidade em comércios e restaurantes, também terminaram na terça-feira.
El País