
Famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na madrugada deste domingo (6) terras improdutivas no município de Solânea, em uma mobilização para exigir do Governo Federal o avanço da reforma agrária.
Segundo Paulo Romário, da direção estadual do MST-PB, a área ocupada na Fazenda Carvalho está abandonada pelos proprietários e não cumpre nenhum tipo de função social. “A gente inaugurou a nossa jornada de luta com mais de 50 famílias que estavam ansiosas para poder ter terra para trabalhar e decidiram entrar nesta madrugada na cidade de Solânea”, disse o líder do movimento na Paraíba.
“Nós precisamos avançar com a reforma agrária na Paraíba. Com o de hoje, são 29 acampamentos no estado que ainda não tiveram a obtenção da terra concluída. Então a gente tem colocado a reforma agrária como central para o desenvolvimento da Paraíba, para que a gente possa avançar na superação da fome, da miséria e da pobreza e produzir alimentos saudáveis”, argumenta.
Na Paraíba, o MST aponta que 2 mil famílias permanecem acampadas aguardando a destinação de terras, algumas delas há mais de 20 anos.
“Nós temos mais de 2 mil famílias na Paraíba debaixo da lona preta, que estão querendo ter seus direitos garantidos, é uma vergonha. Desde 2018 para cá foram quatro companheiros e companheiras assassinadas na Paraíba na luta pela terra, existe um conflito latente no estado, mas o Incra avança com muita morosidade”, destaca Romário.
MST INICIOU MOBILIZAÇÕES PELO BRASIL
Além da Paraíba, as ocupações de latifúndios aconteceram simultaneamente também no Pernambuco e Rio Grande do Norte, em uma jornada de lutas pela reforma agrária que se estende pelo país.
No PE, cerca de mil famílias ocuparam a fazenda da empresa CopaFruit, localizada nas proximidades do Instituto Federal do Sertão de Pernambuco em Petrolina (PE), a terceira ocupação feita pelo MST no estado neste final de semana. “É uma área que tem todas as características para ser colocada à disposição da reforma agrária, não cumpre sua função social”, disse ao Brasil de Fato o dirigente estadual do MST em Pernambuco Florisvaldo Araújo.
Já no município de Mossoró (RN), aproximadamente 200 famílias da brigada Chico Mendes ocuparam a fazenda experimental da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), desativada há mais de 3 anos. “Outras famílias acampadas na região oeste do estado continuam chegando e, até o momento, temos uma lista com 300 famílias do movimento para serem assentadas nessa área”, disse ao Brasil de Fato Aglailton Fenandes, da direção estadual do MST-RN.
Ocupações de latifúndios, marchas, distribuição de alimentos e protestos em sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) estão previstas em todas as regiões do país.
A maior parte das ações acontece até o dia 17 de abril, marco dos 29 anos do Massacre de Eldorado do Carajás. Desde que, em 1996, a repressão policial a uma marcha no Pará deixou 21 camponeses mortos e outros 69 mutilados, a data se tornou o Dia Internacional de Lutas pela Reforma Agrária.
*Com informações do ICL Notícias e Brasil de Fato