O resgate da diplomacia: Lula poderá pôr um fim a quatro anos de isolamento internacional?

Não era apenas mais uma noite de domingo. Eram poucos minutos antes das 20h deste 30 de outubro de 2022 quando, com 98,91% das urnas apuradas, o Brasil conhecia seu […]



Não era apenas mais uma noite de domingo. Eram poucos minutos antes das 20h deste 30 de outubro de 2022 quando, com 98,91% das urnas apuradas, o Brasil conhecia seu novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

Eleito no segundo turno da campanha presidencial mais acirrada da nossa história, Lula (PT) obteve 50,90% dos votos válidos, contra 49,10% de Bolsonaro (PL), o atual presidente, que também entra para história como o primeiro presidente a perder a disputa pela reeleição.

Entretanto, a disputa acirrada foi só o início da série de desafios que o presidente eleito terá pela frente. Dentre eles, está o resgate da diplomacia brasileira após quatro anos de caos, marcados por uma justaposição de pautas que não cumprem requisitos mínimos de racionalidade e um profundo isolamento internacional causado pelos sucessivos ataques arbitrários a outros líderes e nações, incluindo alguns dos nossos principais parceiros comerciais.

E não foram poucos. De forma irresponsável, nesses quatro anos de mandato, o atual presidente ou membros do seu governo ofenderam publicamente ou causaram algum tipo de desgaste diplomático com inúmeros países, desde os nossos vizinhos sul-americanos Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia, passando por países europeus como França e Portugal, pelos países islâmicos, e até mesmo o nosso maior parceiro comercial: a China.

Embora esses desatinos diplomáticos não tenham resultado em prejuízos comerciais e econômicos significativos, a imagem do país foi profundamente arranhada nesse período, tendo em vista a quantidade de hostilidades gratuitas e injustificáveis, as posições reacionárias, as políticas antiambientalistas e as atuações pífias e subservientes dos ministros das Relações Exteriores Ernesto Araújo e Carlos França. O Brasil se tornava um pária internacional.

Porém, com o resultado das eleições presidenciais, um novo horizonte se abre, e com ele a esperança do renascimento do protagonismo internacional que perdemos. Lula já foi saudado por diversos líderes mundiais, que celebram e acenam para uma nova era de cooperação com o seu governo que se inicia em 1º de janeiro de 2023.

Ainda é cedo para falar, porém, no alvorecer de uma nova Maré Rosa na América Latina, ressurge a esperança do fortalecimento do Mercosul, da reaproximação com os demais países Latino-Americanos, de novos acordos comerciais e, quem sabe, até do tão sonhado Acordo Mercosul/União Europeia.