A independência do Brasil e a construção épica de uma identidade nacional forte

É sabido que a arte é um elemento extremamente importante para um povo e que várias civilizações procuraram expressar-se artisticamente, utilizando-se da arte como um instrumento político, social e econômico. […]



É sabido que a arte é um elemento extremamente importante para um povo e que várias civilizações procuraram expressar-se artisticamente, utilizando-se da arte como um instrumento político, social e econômico. A arte e a cultura são representações de uma identidade e, para além de uma expressão cultural, a arte configura-se em um símbolo que vislumbra, por vezes, engrandecer um acontecimento ou uma personagem histórica. Nesse caso, em outras palavras, ela não se constitui uma simples representação ingênua, pelo contrário, o objetivo é enaltecer, tonar um fato ou uma figura histórica, símbolo de bravura e heroísmo.

A independência do Brasil é retratada, entre outras obras, em uma denominada de “Independência ou morte”. Nela, podemos observar a construção heroica do evento em cada detalhe. O quadro foi uma encomenda de Dom Pedro II ao pintor Pedro Américo, em 1885, e só foi finalizado em 1888. A intenção era retratar um Dom Pedro heroico e um episódio cheio de grandiosidades. Dom Pedro, montado em um cavalo branco, vestido com uniforme luxuoso. Mas, na verdade, o que se sabe, é que Dom Pedro estaria montado em uma mula e com trajes simples, típicos de tropeiros. A guarda de honra que o acompanhava era formada por fazendeiros, cavaleiros e pessoas simples do Vale do Paraíba, pois os dragões da independência, retratados na obra de Pedro Américo, ainda não existiam. Ainda nesse contexto, o “brado retumbante”, Independência ou morte, às margens do riacho Ipiranga, é outro episódio bastante polêmico, visto que se especula que a obra de Pedro Américo seria um plágio de uma outra obra bastante famosa “Napoleão em Friedland”, de autoria do pintor francês Jean Louis Messonier.

Uma outra curiosidade acerca da independência do Brasil foi o fato de Dom Pedro ter sido acometido por uma grande “dor de barriga”, situação extremamente constrangedora, que denota a ausência extrema de elegância retratada na obra e em muitos livros de História, de acordo com Laurentino Gomes, autor do livro ‘1822’. “O destino cruzou o caminho de D. Pedro em situação de desconforto e nenhuma elegância. Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30, de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga. A causa dos distúrbios intestinais é desconhecida”, escreveu Laurentino. A versão mais aceita em relação ao fatídico é de que Dom Pedro e sua comitiva teriam ingerido alimentos estragados durante a viagem.

Como podemos observar, a História também é construída por meio das imagens. Elas são elaboradas, construídas de forma intencional para se passar uma ideia, geralmente, grandiosa de um fato. Aprender a fazer a leitura dessas imagens é consideravelmente importante e libertador.  


Professora Gerlúzia Vieira