A educação para o sistema de “castas sociais”

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) está sob o comando do ministro Milton Ribeiro, um pastor evangélico que é defensor dos ultrapassados castigos físicos como método educativo de crianças […]



O Ministério da Educação e Cultura (MEC) está sob o comando do ministro Milton Ribeiro, um pastor evangélico que é defensor dos ultrapassados castigos físicos como método educativo de crianças e não é muito simpático com o discurso pedagógico de Paulo Freire, não deixa de ser uma pessoa que se alinha com a visão distorcida que o presidente Jair Bolsonaro alimenta sobre a educação brasileira por influência de um mentor como Olavo de Carvalho sem ensino primário completo, pois este não conseguiu seguir os estudos na escola devido não ter êxito no exame de admissão que era  requisito necessário na época para seguir os estudos no nível ginasial, porém mesmo assim teve um poder sobre as mentes tresloucadas, entre elas a do então presidente, capaz de mudar os rumos de um país com a conversa de que as universidades são os berços da ideologia de esquerda e que elas têm que ser combatidas ou até mesmo fechadas.

 Não sendo muito diferente do carrossel dos ministros anteriores, Ribeiro vem obedecendo fielmente a vontade do Presidente da República e atendendo de bom grado os anseios neoliberais do ministro da economia Paulo Guedes, pois os cortes das verbas destinadas para as universidades foram anunciados e, para exemplificar, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) chegou a afirmar o provável fechamento das portas devido não ter suprimentos para honrar os gastos com os mantimentos das instalações da instituição, especialmente no contexto da pandemia que estava participando das pesquisas de produção de vacinas, isso agitou a opinião pública com respeito a importância da instituição para uma situação tão delicada.

A volta das aulas presenciais e opinião sobre os professores

Mesmo sob a séria ameaça da nova variante delta se propagar pelo país, o ministro Milton Ribeiro atualmente encoraja especialmente os estudantes do ensino fundamental I e II da rede pública a retornarem às aulas presenciais e, em um dos seus pronunciamentos na TV, o ministro deu garantias de que todas as medidas profiláticas contra a Covid-19 seriam atendidas e que se a decisão dependesse unicamente dele, ele já teria autorizado a volta das aulas presenciais, porém tal decisão cabe aos estados e municípios.

Porém, ele não considerou que as condições de boas instalações físicas das escolas não são homogêneas por todas as regiões do país, pois muitas creches e escolas públicas não se dispõem constantemente de material de higiene nos seus espaços, o que não raro chega a demorar até meses para serem repostos, pois o processo de aquisição dos mantimentos escolares dependem de vias burocráticas por vezes morosas, como também o processo de vacinação ainda não cobriu todas as idades, bem como parte da população ainda resiste em tomar a vacina e esse quadro contribui para o avanço da nova variante delta, o que já fez algumas escolas da região sudeste cancelar o retorno dos estudantes às aulas presenciais.

Em entrevista ao programa “Sem Censura” do canal TV Brasil, ele chegou a dizer que os “maus professores” defendem a vacinação dos estudantes, estes sendo crianças, para manterem as escolas fechadas.

Acrescenta-se o exemplo no primeiro semestre de 2021, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) anunciou o retorno das aulas presenciais, porém teve que retroceder da ideia depois que dois professores da instituição faleceram em decorrência da Covid-19. Uma situação como essa configura mais uma armadilha para criar condições para o público se contaminar e engrossar os números desastrosos dessa pandemia no Brasil.

O acesso ao ensino superior

Na entrevista do mesmo programa, Ribeiro defende que a universidade deve ser para poucos e que o ensino médio técnico é suficiente para atender a necessidade de colocação no mercado de trabalho, porém essa percepção sustenta que a educação deve ser oferecida como se houvesse um sistema de castas como há na Índia que é impossível haver ascensão social, como também é uma visão limitada, pois ao longo da carreira profissional o acesso ao ensino superior é de certa forma necessário para o aprimoramento profissional e oferece boas chances de desenvolvimento nas carreiras como muitas pesquisas sobre emprego de órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outras instituições demonstram há décadas.

Além disso, ele desconsidera que as universidades públicas são responsáveis pelas pesquisas e avanço tecnológico, científico e cultural do país, como também são responsáveis pela formação de profissionais que sem o diploma das profissões não poderiam atuar, por exemplo, ninguém e nem ele mesmo jamais iriam fazer uma cirurgia com um médico sem diploma, obturar um dente com dentista sem diploma, aceitar ser defendido por advogado sem diploma e tantas outras ocupações que exigem formação técnica e acadêmica adequada para atuação profissional e disposição dos serviços à sociedade.

Para ilustrar bem o caso, soma-se a isso a recente distopia de Olavo de Carvalho que por não ter condições para se internar nos hospitais sofisticados dos Estados Unidos, veio se internar, usando nome falso por vergonha de se assumir para as pessoas,  no hospital da Universidade de São Paulo (USP), sendo uma das mais renomadas universidades do país e com prestígio internacional, justamente na instituição que ele afirmava ter somente comunistas e maconheiros, porém a gente da USP está mostrando que é bem mais do que esses rótulos vindos dessa extrema direita desvairada, ultrapassada e antiquada.

Posição política dos reitores

            Recentemente as universidades públicas tiveram eleições internas para o meio acadêmico escolher os reitores, porém o presidente da república não empossou os candidatos vencedores sob o mote de dizer que eram todos de esquerda e que tinha que afugentar essa ideologia das universidades.

Na entrevista do programa mencionado anteriormente, o ministro da educação chegou a afirmar, com a fala mansa e compassiva típica dele, que “respeita” as posições diferentes dos reitores e que as universidades não podem ser comitê de partidos, especialmente o que a direita hormonal tanto condena o que eles rotulam ser de esquerda, porém esse respeito que ele diz é com a condição de que a oposição fique sem se expressar, o que caracteriza uma visão fascista que visa eliminar qualquer contrariedade.

Dessa forma, observa-se que a educação no Brasil, na visão desse governo tosco, está seguindo um caminho que não visa construir mentes críticas e pensantes que possam criar indivíduos capazes de contribuir para o progresso científico, tecnológico e cultural do país, senão simplesmente criar bonecos que atendam à ótica neoliberal de serem escravos modernos com mão de obra qualificada sobrevivendo com os mais baixos salários e com os direitos mínimos para os trabalhadores e assim estimular a onda de “uberização” da profissões, porém sem mexer nos respaldos legais das classes dominantes que sustentam este governo como marionete delas.

Fonte da figura: www.humorpolitico.com.br/beto/ministro-da-educacao-2/


Categorias: Colunistas