
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo” publicada neste domingo (27), afirmou que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) tem adotado diversas medidas para combater fraudes nos descontos em benefícios. Lupi disse ter certeza de que há “safadeza de muita gente”, mas argumenta que o governo não foi omisso.
“Muitas instituições abusaram e devem pagar por isso. Os beneficiários têm que ser restituídos. Mas não pode generalizar, senão a gente instaura um tribunal de inquisição”, disse Lupi.
De acordo com o ministro, as irregularidades em investigação pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União são heranças de governos anteriores, uma vez que a maior parte dos acordos que permitiam os descontos foi feita antes de 2023. “Eu não fui omisso. O processo é complexo e envolve mais de 6 milhões de processos”, disse Lupi
Lupi também afirmou que a demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi uma medida necessária para que a investigação avançasse.
Segundo Lupi, o INSS implementou portarias e instruções normativas para garantir mais segurança aos beneficiários. Ele também mencionou a utilização de biometria para evitar fraudes.
Quanto à restituição dos valores cobrados de forma irregular, Lupi explicou que o processo é complexo, com uma auditoria em andamento. Ele ressaltou que, a partir deste mês, os beneficiários prejudicados terão o valor devolvido, embora o recadastramento e a auditoria dos descontos ativos levem tempo.
Lupi foi alertado de denúncias sobre descontos em 2023, mostra ata de reunião
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi informado sobre o aumento das denúncias de fraude nos descontos dos benefícios de pensão e aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mas levou cerca de um ano para tomar providências.
A ata de uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social de junho de 2023 mostra que a representante do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos) Tonia Galleti levou o problema ao ministro. O documento foi noticiado pela TV Globo.
“A prova de que eu não fui omisso é que eu demiti o diretor”, rebateu Lupi em entrevista à “Folha”.
Lupi também comentou sobre as críticas que tem recebido dentro do governo. Ele defendeu sua atuação e afirmou que a relação com o presidente permanece normal. “Minha função é trabalhar para resolver, e tenho a consciência tranquila de que fiz tudo o que podia”, afirmou.
Operação Sem Desconto
O caso é investigado pela CGU (Controladoria-Geral da União) com a Polícia Federal. A operação Sem Desconto, que deu luz ao caso, calculou que entre 2019 e 2024 foram descontados R$ 6,3 bilhões em benefícios previdenciários.
Os órgãos apuram o quanto desse valor foram de descontos ilegais e elaboram um plano para ressarcir os beneficiários.
Até o momento, cerca de R$ 2 bilhões já foram apreendidos de pessoas e entidades envolvidas na fraude, segundo a CGU.
O episódio levou o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, a deixar o cargo na última quarta-feira (23). Quando assumiu o instituto, em julho de 2023, a fila de pedidos estava em 1,7 milhão e chegou aos 2 milhões em dezembro do ano passado, abrindo nova crise no governo.
Por ICL Notícias