A Justiça Militar decretou nesta quinta-feira (5) a prisão do policial Luan Felipe Alves Pereira, apontado como o responsável por arremessar um homem de uma ponte na Zona Sul de São Paulo, no último domingo (1°).
O soldado já estava detido na Corregedoria da Polícia Militar, onde prestou depoimento sobre a sua conduta. Segundo informações do inquérito militar, ele disse que pretendia jogar o homem no chão. As imagens gravadas por uma testemunha mostram o momento em que ele ergue e atira o homem da ponte.
Com a prisão decretada, Luan Felipe será encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. Em audiência de custódia ocorrida na tarde desta quinta, a defesa do soldado pediu a revogação da prisão preventiva, com a adoção de medidas cautelares, mas a solicitação foi negada.
O inquérito aponta os possíveis crimes de lesão corporal e violência arbitrária, previstos no Código Penal Militar. A TV Globo e a GloboNews tentam contato com a defesa do PM.
Nesta quinta-feira (5), com a repercussão desse e de outros casos recentes de violência policial em SP, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) admitiu que “alguma coisa não está funcionando” e passou a defender o uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais militares.
Segundo ele, essa é uma medida que protege os cidadãos e os policiais. O governador afirmou que vai ampliar o programa de câmeras.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Tinha visão equivocada, fruto da experiência pretérita que tive. Não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje estou completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas manter, mas ampliar o programa. E tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia.”
Tarcísio afirmou que os abusos da polícia não serão tolerados. “O discurso de segurança jurídica que a gente precisa dar para os agentes de segurança combaterem o crime de forma firme não pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa e descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar.”
A Secretaria de Segurança Pública disse que a PM não compactua com desvios de conduta e que qualquer ocorrência envolvendo excessos será investigada.
O caso do homem atirado da ponte aconteceu na Vila Clara, região de Cidade Ademar, durante a dispersão de um baile funk.
O soldado foi filmado lançando o rapaz da ponte sem nenhum motivo ou resistência aparente.
A vítima se chama Marcelo, tem 25 anos e é entregador. Ele caiu de cabeça de uma altura de três metros, teve ferimentos, mas passa bem. Marcelo recebeu ajuda de pessoas que moram na região.
O pai dele falou ao Jornal Nacional, criticou a conduta do PM e cobrou explicações das autoridades.
“É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da população, não fazer o que fez. Trabalhador, menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, passagem [pela polícia], não tem nada. Queria a explicação desse policial e o porquê ele fez isso”, afirmou.
A Corregedoria da PM determinou o afastamento de treze policiais que participaram da operação na Vila Clara. O Ministério Público abriu uma investigação.
Na quarta (4), quando foi questionado sobre a gestão de seu secretário de Segurança Pública, Tarcísio de Freitas defendeu Guilherme Derrite: “Olha os números que você vai ver que está [fazendo um bom trabalho]”, disse o governador. Diante da insistência dos jornalistas, repetiu: “Olha as estatísticas”. Tarcísio não explicou, porém, quais seriam esses dados.
Histórico do PM
O soldado da Polícia Militar que arremessou o entregador já foi indiciado por homicídio por matar um homem com 12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo, no ano passado.
Segundo a TV Globo apurou, o caso foi arquivado em janeiro porque o Ministério Público entendeu que houve legítima defesa. O juiz, então, aceitou o pedido.
Luan trabalha na Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema.
G1