As filas nas casas lotéricas e agências da Caixa Econômica Federal estão com uma movimentação atípica nos últimos dias. Milhões de beneficiários do Auxílio Brasil estão procurando as instituições bancárias para aderir ao empréstimo consignado liberado em pleno período eleitoral pelo presidente Bolsonaro (PL).
A reportagem procurou informações sobre o empréstimo e ouviu um bancário da cidade de Patos. O trabalhador pediu para não ser identificado, pois pode sofrer represálias da instituição da qual faz parte. Ele disse: “É um crime contra o pobre! Juros altos e uma armadilha que vai dar dor de cabeça em muita gente! Muitos estão procurando devido à fome, carestia, desemprego e pela situação precária em casa, mas pode ficar ainda pior, pois o Governo tá jogando de todo jeito”, destacou.
Os beneficiários que perderem o Auxílio Brasil devem continuar pagando a dívida mesmo que tenham o benefício cortado. Outra questão diz respeito aos juros que é de 3,45%, bem acima do cobrado no mercado e que pode ficar ainda pior, pois se atrasar será cobrado o chamado “juro sobre juro”.
Para se ter uma ideia, quem pegar, por exemplo, R$ 1.100,00 vai pagar R$ 2.700,00 de juros. No final, o empréstimo que o beneficiado adquiriu vai sair por R$ 3.800,00 pagos para a instituição bancária. Juros altos podem se tornar uma bola de neve ao atrasar alguma parcela, pois será cobrado juros e multa pelo atraso. Essa observação foi feita pelo deputado federal eleito Guilherme Boulos.
O Governo também deixou claro, em uma das cláusulas do contrato, que a responsabilidade está entre o banco e o beneficiado. Em outro trecho do contrato, fica claro que o consignado está limitado a 40% do valor mensal do Auxílio Brasil calculado em cima de R$ 400,00, pois os R$ 600,00 só está garantido até dezembro de 2022, ou seja, por mais dois meses. O valor da parcela poderá ser no máximo de R$ 160,00.
“Na verdade, o presidente não tá nem aí! O povo tá achando que é uma ajuda, mas é uma armadilha! Mesmo com todas as cláusulas escritas, nem todos leem. Uma questão como essa em pleno período eleitoral foge da normalidade. A cada dia tem mais gente buscando esse empréstimo, pois o sufoco do povo é grande”, relatou o bancário.
Jozivan Antero – Polêmica Patos
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