Uma funcionária pública, que pediu para não ser identificada, relatou um fato ocorrido na manhã deste sábado, dia 11, por volta das 08h30, no Bairro Santa Clara, em Patos.
No Brasil, de acordo com dados de pesquisa divulgada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), mais de 100 milhões de pessoas estão enfrentando insegurança alimentar. Em Patos, não tem sido difícil ver pessoas alegando passar fome diante do grave problema social, econômico e político do país.
Veja o relato:
“Sábado, 11 de Junho de 2022. 08h30.
Alguém bate desesperado no portão. Pergunto quem é. A voz trêmula de uma mulher só diz: ô de casa.
Ao abrir, me deparo com um rosto suado, aparência sofrida e uma sacola plástica enrolada na mão. A mulher me pede alimento e percebo que eu seria a primeira a doar. Entro para pegar, e ao voltar, ela está chorando. Pergunto de onde ela mora. A mulher responde que é do mesmo bairro que o meu.
Conta toda a sua história: marido desempregado, 4 filhos pequenos, a única renda é o Bolsa Família e que só tomou coragem de pedir de porta em porta hoje, pois há semanas já estão passando necessidade.
Ela diz que faz uso de “remédios controlados”, mas ressalta que não irá comprar os que faltaram pelo SUS, pois não pode deixar de colocar comida na mesa. Me contou que dois dos seus filhos foram tentar a vida no sul do país. Conta ainda da pequena reforma inacabada que fez na casa. “Moça, todo mundo me conhece aqui”. E mais uma vez, dá detalhes da sua residência. Agradece o alimento e diz que vai seguir.
Já de saída ela agradeceu dizendo: “Deus te abençoe, meu anjo”.
Mais uma mulher periférica buscando sobreviver através da ajuda de outras pessoas com vida semelhante a sua, em um dos países que mais produz alimentos no mundo. Mulheres e negros são os mais afetados pela fome!”.
Jozivan Antero – Polêmica Patos
Imagem ilustrativa