Conheça a realidade social impactante e de dificuldades em que vivem as famílias da Comunidade Serrote Liso, em Patos

No calor da tarde do sábado, dia 13, os moradores da Comunidade Serrote Liso, localizado às margens da Alça Sudeste, em Patos, que vivem longe do olhar da sociedade, se […]



Comunidade Serrote Liso
Comunidade Serrote Liso

No calor da tarde do sábado, dia 13, os moradores da Comunidade Serrote Liso, localizado às margens da Alça Sudeste, em Patos, que vivem longe do olhar da sociedade, se reuniram para ouvir ideias, falar sobre a vida difícil e buscar caminhos que levem a conquista da casa própria para que todos possam morar com dignidade com suas famílias.

O encontro aconteceu ao lado da casa de taipas da senhora Tanúzia Avelino, uma das lideranças da comunidade. Tanúzia é vice-presidente da Associação de Moradores da Comunidade Serrote Liso. Ela relatou que são 68 famílias que vivem na localidade e que buscam moradia digna, mas que, por inúmeras dificuldades, atualmente vivem de forma precária em casebres construídos de forma artesanal e que servem de abrigo.

A grande maioria dos homens e mulheres da comunidade que se tornou uma favela vivem do trabalho precário e informal, ou seja, os chamados bicos. A coleta de material reciclável e a faxina foram as ocupações mais citadas. Por quase toda a comunidade se pode observar amontoados de material que são vendidos nas sucatas em busca de dinheiro para a compra de alimentação e necessidades mais básicas. 

Sem água potável nas casas, a comunidade depende de uma caixa d’água que foi conseguida através de mobilização do radialista Abrantes Júnior. A cada 15 dias a caixa é abastecida por caminhões pipa fornecidos pela Prefeitura Municipal de Patos. Não existe fornecimento de energia elétrica e isso obriga as famílias a viverem sem eletrodomésticos e sem o mínimo conforto em seus casebres. O calor e a escuridão são uma constante e as noites se tornaram um tormento para os que dormem em suas casas.

A comunidade está dividida em dois grupos de moradores: aqueles que construíram seus casebres, mas que, diante das dificuldades, passam parte do tempo na comunidade e em casas de parentes espalhados pela cidade de Patos; outra parcela dos moradores resistem às tormentas por não terem opção algumas para morar além do próprio casebre insalubre. As necessidades fisiológicas são feitas no mato ou em valas inapropriadas.     

Durante entrevista, a jovem Nyadja Nicole Barbosa disse que não tem transporte e que anda a pé ou de favores para se deslocar. Ela mora na comunidade há 5 anos, tem um filho pequeno e o marido está preso. Nyadja relatou que luta há quase três anos para conseguir o Bolsa Família, mas sempre é negado. A única renda se dá pelo auxílio emergencial conseguido por meio do aplicativo do Governo Federal ou  com a realização de faxinas esporádicas.

Renata Lino, que é casada e tem filho pequeno, disse que a luta é por moradia digna para viver com sua família. O marido de Renata trabalha como servente de pedreiro, no entanto, está vivendo da coleta de material reciclável, pois a construção civil não tem oferecido oportunidades. 

Sheyla da Costa comentou que a vida na comunidade é muito difícil, mas que a solidariedade é que fortalece a vivência. As crianças usam creches do Município de Patos e as mães se deslocam quase que diariamente para que os filhos possam ter acesso ao serviço.

A senhora Joana D’arc da Silva, que é viúva e cuida do neto de 10 anos, disse que outra dificuldade é a saúde, pois tudo é distante. Ela sobrevive da coleta de material reciclável. “Aqui tem muriçoca demais. Estou aqui todo dia, mas não dá para dormir e eu dependo de parentes para dormir. Eu tenho fé em Deus que vamos conseguir casa para morar, pois a gente é filho de Deus…”, comentou.

Todas as famílias da Comunidade Serrote Liso estão inscritas no programa de habitação popular. A esperança é de que sejam contemplados com casas no Conjunto São Judas Tadeu I e 2, que está sendo construído pelo Governo do Estado da Paraíba em parceria com o Governo Federal e Municipal na cidade de Patos. São 856 casas sendo construídas e a expectativa da Comunidade Serrote Liso é de que todas as famílias possam ter casas para morar com dignidade e o Serrote Liso faça parte do passado e não do presente atual e sofrido.



Jozivan Antero – Polêmica Patos