Antônio Alves: uma vida de sacrifício, privações, doença e humilhação chega ao fim na cidade de Patos

O popular Antônio Alves da Silva, de 40 anos, faleceu na tarde desta quarta-feira, dia 13, por volta das 14h00, no Hospital Regional de Patos. Antônio era paciente renal crônico […]



O popular Antônio Alves da Silva, de 40 anos, faleceu na tarde desta quarta-feira, dia 13, por volta das 14h00, no Hospital Regional de Patos. Antônio era paciente renal crônico e fez sua última sessão de hemodiálise quando passou mal e precisou ser amparado por profissionais do próprio Centro de Hemodiálise que o levaram ao hospital. Minutos depois, uma parada cardíaca tirou a vida do paciente que também era conhecido por Neguinho do Hospital.

Antônio Alves recebia um salário mínimo de amparo do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), mas o dinheiro era insuficiente diante dele ter contraído dívidas com um agiota que reteve seu cartão de segurado. As dívidas foram feitas anteriormente do amparo e nos últimos anos, Antônio só conseguia pagar os juros da dívida irregular e que levou ao sacrifício extremo de homem pobre e de sua família.

Nos últimos meses, Antônio começou a catar material reciclado nos lixos do Bairro Novo Horizonte, Belo Horizonte e adjacências, mas a exposição ao sol causticante o levou a ter seu estado de saúde agravado. Diante disso, Antônio foi internado e o médico o proibiu de trabalhar, mas com a fome e as privações da família, mesmo doente, Antônio às vezes saía para pedir ajuda e se “humilhar”, como ele costumava dizer. 

Sem dinheiro para comprar o caixão, amigos e familiares apelaram para a Secretaria de Desenvolvimento Social do Município de Patos. A secretária Helena Wanderley agiu prontamente e Antônio foi colocado em um caixão e seu corpo ficou sendo velado na casa de um dos seus irmãos, na comunidade pobre por trás da Itaipava, Bairro Novo Horizonte, em Patos. No local, apenas os mais próximos estiveram para dar o adeus. Sem local para ser sepultado, Antônio foi enterrado em uma cova pública no Cemitério Santo Antônio, no Bairro Monte Castelo.

Morando de aluguel em casebres insalubres junto com sua mãe com transtornos mentais, com sua esposa e mais quatro pessoas, entre as quais crianças, a vida de Antônio era de privações todos os dias. A família faz parte dos milhões que enfrentam insegurança alimentar. Para piorar, o agiota também ficou com o cartão de seguridade social da mãe de Antônio e o caso pode ir parar na delegacia, pois tal ação constitui contravenção.

Antônio “…era só mais um Silva que a estrela não brilha…, mas era pai de família”. 


Jozivan Antero – Polêmica Patos