Em Patos, chefe de instrução do TG 07- 002 disponibiliza material sobre os 80 anos da vitória da Força Expedicionária Brasileira na 2ª Guerra Mundial

O subtenente Sueliton Jean de Oliveira Santana, chefe de instrução do Tiro de Guerra 07 – 002, em Patos, disponibilizou um material histórico sobre a atuação da Força Expedicionária Brasileira […]



O subtenente Sueliton Jean de Oliveira Santana, chefe de instrução do Tiro de Guerra 07 – 002, em Patos, disponibilizou um material histórico sobre a atuação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a 2ª Guerra Mundial. 

Neste ano de 2025, a vitória dos aliados sobre a Alemanha completou 80 anos!

Veja o material na íntegra que faz um relato histórico:

80 Anos das Vitórias da Força Expedicionária Brasileira

Durante a fase inicial da Segunda Guerra Mundial, o Brasil adotou uma postura de neutralidade face ao conflito. Nesse panorama, entre fevereiro e agosto de 1942, ainda que o Brasil não tivesse declarado guerra aos países do Eixo, submarinos alemães realizaram uma série de torpedeamentos a navios mercantes brasileiros que navegavam ao longo da costa do país.

A afronta à soberania nacional, causada pelo fundamento de mais de vinte embarcações, provocou a morte de civis inocentes, levantando um risco iminente da escalada da crise alcançar o território brasileiro. Tal evento levou Getúlio Vargas, então Presidente da República, a declarar o rompimento da neutralidade brasileira, em 22 de agosto de 1942, mediante a declaração do estado de beligerância. Posteriormente, foi declarado o estado de guerra contra a Alemanha e a Itália mediante a assinatura do Decreto nº 10.358, de 31 de agosto do mesmo ano.

Em resposta a esses ataques, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), composta por 25.834 militares (homens e mulheres), sendo o General João Batista Mascarenhas de Moraes nomeado para o Comando de uma Divisão. De imediato, ele iniciou o período de mobilização, planejamento e preparação para a travessia do Atlântico e entrada em combate no Teatro de Operações do Mediterrâneo.

O embarque do 1º Escalão da tropa para a Itália ocorreu na noite de 30 de junho para 1º de julho de 1944 no navio norte-americano General Mann, sob o comando do general Euclides Zenóbio da Costa. Essa tropa era constituída pelo 6º Regimento de Infantaria, um grupo de artilharia, uma companhia de engenharia e elementos ligados aos setores de manutenção, reconhecimento, saúde, comunicações, polícia, justiça, Banco do Brasil e serviço de correio, perfazendo um total de 5.075 homens. O deslocamento das tropas teria prosseguimento em mais quatro escalões, utilizando os navios General Mann e General Meigs para a travessia do Atlântico.

Os médicos e as enfermeiras foram transportados por via aérea. Cabe um registro especial sobre o contingente feminino no Batalhão de Saúde da FEB, por representar à época um importante marco na valorização da mulher na sociedade brasileira. O altruísmo evidenciado no incansável trabalho anônimo das nossas heroínas foi destacado por diversos chefes militares durante a Campanha na Itália.

A partir de 5 de agosto de 1944, quando chegou à região de Tarquínia, na Itália, o 1º Escalão passou a integrar o V Exército norte-americano, sob o comando do general Mark Clark, juntando-se a tropas de outras 22 divisões, sendo 6 norte-americanas, 6 britânicas, 3 canadenses, 2 polonesas, 3 indianas, 1 sul-africana e outra neozelandesa.

A participação da FEB nos combates teve início com o emprego das tropas sob o comando do General Zenóbio da Costa, ao substituir elementos norte-americanos pertencentes à “Task Force 45” e à 1ª Divisão Blindada. No dia seguinte à entrada na linha de frente, o Destacamento da FEB conquistou a cidade de Massarosa e, dois dias depois, a cidade de Camaiore, assegurando a posse de uma posição estratégica que proveu a proteção do flanco das tropas norte-americanas.

Nossos pracinhas venceram as dificuldades impostas pelo terreno montanhoso e conquistaram, no dia 26 de setembro, o Monte Prana. No dia 29, os elementos avançados das tropas brasileiras alcançaram a linha Stazzema-Fornoli, liberando as cidades de Pescaglia e Borgo a Mozzano. Na primeira quinzena de outubro, libertaram Chivizzano, Bolognana, Coreglia Antelminelli e Barga, contribuindo para o surgimento de um sentimento de gratidão do povo italiano libertado por nossas tropas.

Essas conquistas e a chegada à Itália dos outros escalões da FEB permitiram ao comando do IV Corpo de Exército empregar a tropa brasileira, a partir de 10 de novembro, nas operações no vale do rio Reno para expulsar as tropas alemãs dos Apeninos Setentrionais. O principal objetivo dessa ação era permitir o avanço dos aliados no setor principal da frente italiana, localizado entre a porção central da Itália e o Mar Adriático, sob responsabilidade do VIII Exército Britânico, uma vez que as tropas alemãs vinham causando baixas e barrando o avanço por meio dos fogos de artilharia. Teria início, então, a mais longa ação da FEB, ao ser-lhe designada a conquista de Monte Castello e outras posições montanhosas em seus arredores.

Durante o inverno rigoroso na região dos Apeninos, que marcou a passagem do ano de 1944 para 1945, a FEB enfrentou o frio extremo, decorrente de temperaturas que chegaram a vinte graus negativos, muita neve, umidade e contínuos ataques de caráter exploratório por parte do inimigo alemão. Essa permanente inquietação promovida por pequenas frações alemães visavam basicamente a minar as resistências física e psicológica das tropas brasileiras, face às adversas

condições climáticas e aos mais de três meses de campanha ininterrupta. A tropa brasileira, entretanto, manteve-se em condições plenas de combate e com o moral elevado, evidenciando de forma indubitável a resiliência e a resistência dos pracinhas.

Entre o fim de fevereiro e meados de março daquele ano, período proposto pelo Comandante da FEB para mitigar o efeito das condicionantes citadas anteriormente, foi desencadeada a Operação Encore, um avanço em conjunto com a recém-chegada 10ª Divisão de Montanha Americana. Nesse contexto, as tropas brasileiras conquistaram a vitória em Monte Castello (21 de fevereiro), La Serra-Cota 958 (23 e 24 de fevereiro) e Castelnuovo (5 de março), enquanto os americanos tomaram os Montes Belvedere e Della Torraccia, evidenciando a sinergia que levou a uma expressiva vitória nessa operação combinada.

No dia 9 de abril de 1945, começou a fase final da ofensiva da primavera com o objetivo de romper definitivamente a linha de defesa alemã que, apesar de estar recuando constantemente desde setembro de 1944, ainda impedia o avanço das tropas aliadas na Itália rumo à Europa Central.

Nesse viés, as tropas da FEB conquistaram Montese, em 14 de abril, enquanto as divisões norte-americanas conseguiram ocupar Tole e Vergato no dia 16, abrindo prosseguimento para a planície do Rio Pó. Após a vitória em Montese, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) iniciou o aproveitamento do êxito sobre as tropas alemãs até que, em 22 de abril, o 6º Regimento de Infantaria conquistou a cidade de Zocca, criando as condições necessárias para que a 1ª DIE iniciasse a perseguição às tropas inimigas no vale do rio Pó. Nessa fase, a FEB também marcou sua presença em Vignola, San Polo d’Enza, Montecchio Emilia e Findeza, oportunidades nas quais, mais uma vez, o respeito e a solidariedade com o povo italiano ficaram comprovadas. 

As últimas batalhas travadas pela Força Expedicionária Brasileira ocorreram nos dias 26 e 27 de abril, em Collechio, e no dia 28 em Fornovo di Taro. O desfecho dessa ação merece um registro especial nas gloriosas páginas da História Militar da FEB e da própria II Guerra Mundial.

Apesar da inferioridade numérica, as tropas da FEB cercaram e, após resistirem às tentativas de rompimento do cerco militar, obtiveram a rendição de tropas alemãs da 148ª Divisão de Infantaria e dos remanescentes da 90ª Divisão Blindada e de tropas italianas da 1ª Divisão Bersaglieri e da 4ª Divisão de Montanha “Monte Rosa”. Essa ação resultou na captura de 14.779 prisioneiros, mais de 1.000 veículos, mais de 4.000 cavalos, além de um expressivo lote de material bélico. 

Enquanto se processava a rendição da 148ª Divisão alemã, a FEB foi instruída pelo IV Corpo norte-americano a continuar a cortar os movimentos dos alemães no sul e a ocupar, a oeste de Fornovo, a área em redor de Alessandria, onde estava sediado o 75º Corpo de Exército germânico, visando a facilitar operações futuras.

Na arrancada final, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária chegou à Alessandria em 30 de abril, cumprindo com êxito mais uma missão que lhe havia sido atribuída. Em 2 de maio de 1945, data na qual cessaram as hostilidades na Itália devido à capitulação do último corpo de exército alemão em território italiano, a 1ª DIE fez a junção com as tropas francesas na cidade fronteiriça franco-italiana de Susa. O fim da guerra viria a ocorrer bem depois, em 8 de maio de 1945, com a vitória final dos Aliados em toda a Europa após a queda de Berlim.

Em apertada síntese, o roteiro da FEB na Itália foi revestido de honra e glória, pois as vitórias das tropas brasileiras, em 1945, são uma consagração indiscutível, sob qualquer aspecto. Ao longo da campanha militar, a FEB obteve vários sucessos que impulsionaram a campanha dos Aliados na frente italiana e libertaram cidades e povoados subjugados por tropas do Eixo, as quais asseguraram a escrita do nome do Brasil na História.

O General Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB, assim expressou: “É bem verdade, e vale a pena afirmar, que preço bem alto pagamos por esse resultado. O sangue dos nossos bravos camaradas tingiu de vermelho essas belas verde-escuras montanhas dos Apeninos e algumas centenas dos nossos valentes companheiros já não retornarão à Pátria conosco, porque dormem o sono eterno, sob as terras úmidas e verdejantes das planícies da Toscana”. As palavras do Comandante da FEB, ao mesmo tempo em que prestam um justo reconhecimento aos nobres 443 pracinhas caídos no solo italiano, ensejam bem o elevado valor do soldado brasileiro.

Ao longo de toda a trajetória no Teatro de Operações Europeu, o pracinha brasileiro soube honrar o espírito de cumprimento de missão e o legado herdados dos Herois de Guararapes. Ao rememorar os oito meses de luta, com pesados reveses, porém com brilhantes vitórias, busca-se enaltecer que, nos idos de 1940, a FEB ratificou o compromisso do Exército Brasileiro com a liberdade e os ideais de democracia. Por esta razão, é digna toda homenagem do povo brasileiro ao celebrar os oitenta anos das vitórias da Força Expedicionária Brasileira, para termos a convicção de que esses herois sejam sempre lembrados!

Jozivan Antero – Polêmica Patos

Informações TG 07 – 002