Os dois garotos estavam concentrados no serviço de coleta dos restos de material de construção. Ao longe se ouviam as pás que eram arrastadas a cada movimento para coletar tijolos quebrados, cal petrificado e pedaços de madeira velha. O burro da carroço estava estático.
A cena foi flagrada na manhã desta sexta-feira, dia 23, na Rua Alto Casteliano, Bairro Santo Antônio, em Patos, quando os primos de 12 e 10 anos de idade trabalhavam em mais um dia de rotina para os dois. Usando máscaras e já suados, as duas crianças ainda conversavam com a reportagem rapidamente, mas desconfiados com as perguntas.
Perguntados há quanto tempo trabalhavam com o serviço de carroça de tração animal, o mais velho respondeu: “Faz tempo…”. Os garotos representam um país que ainda tem muita dificuldade de entender sobre o trabalho infantil e suas consequencias para a vida de cada criança submetida a tais esforços.
Nos últimos anos, diante da miséria crescente, da desigualdade social que foi acelerada em decorrência de cortes profundos nos programas de assistência social, pela pandemia que escancarou a realidade das famílias pobres, a vida das crianças pobres ficou ainda mais difícil.
Números oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que: Em 2019, o país tinha 38,3 milhões de pessoas com idade entre 5 e 17 anos, das quais 1,8 milhão estavam em situação de trabalho infantil. Em 2.021, esse número voltou a crescer, mas com poucos dados oficiais, pois o Governo Federal está dificultando o senso.
Jozivan Antero – Polêmica Patos