Em Patos, jovem assume ser pessoa não binária e fala da conquista da mudança de nome e de gênero no registro de nascimento

Na música Meninos e Meninas, o poeta Renato Russo escreve: “…Acho que gosto de São Paulo / Gosto de São João / Gosto de São Francisco e São Sebastião / […]



Na música Meninos e Meninas, o poeta Renato Russo escreve: “…Acho que gosto de São Paulo / Gosto de São João / Gosto de São Francisco e São Sebastião / E eu gosto de meninos e meninas…”. Neste trecho, ele descreve que o sentimento amor ou mesmo o gosto deve ser universal e não ter limitações ou limites. “Amar e mudar as coisas me interessa mais”, afirmou Belchior, em Alucinação. Dessa forma, dois ícones da Música Popular Brasileira mostram que o mais importante é amar.   

Livrando-se dos medos, enfrentando sua vivência e reafirmando a necessidade de vencer obstáculos em uma sociedade que alimenta o machismo, o preconceito, a misoginia e a homofobia, o servidor público Renato Nunes Cirino, de 26 anos, falou de sua história como pessoa não binária e da mudança de nome e de gênero conquistada no Registro de Nascimento.

De forma corajosa, Renato concedeu entrevista na manhã desta quinta-feira, dia 18 de maio, para se reafirmar como pessoa que não se identifica como homem ou como mulher, sendo pessoa não binária. Renato diz ter a necessidade de ser compreendido e também respeitado na sua individualidade. Ele fez do seu gesto revelador uma forma de dar voz a outros e outras que não falam sobre o fato. 

Renato Nunes Cirino falou do seu espaço na sociedade. Como pessoa trans, relatou que é cidadão/cidadã que cumpre suas obrigações no dia a dia, trabalha e fez do seu ato de conceder entrevista uma forma de dar visibilidade a um tema tão sensível e mal compreendido por vários setores.

Vencendo burocracias em busca do seu desejo de mudança de nome, sobrenome e gênero não binário, Renato disse que vem buscando se compreender há muito tempo e precisou realizar análise com psicanalista, fez terapia e buscou aprofundar dentro de si mesmo para seguir a caminhada de pessoa não binária.

Com identidade não binária, Renato assume ser pessoa bigênero e transita em um universo de possibilidades ainda pouco exploradas em decorrência da contemporaneidade do tema. Na entrevista, Renato explicou o passo a passo para vencer burocracias e da ajuda que encontrou no Cartório de Registro Civil do Município de Patos, fator preponderante para evitar uma busca jurídica por um direito já conquistado.

Perguntado sobre a escolha do novo nome, Renato afirmou: “Eu não posso te dizer que teve algum momento especial que eu escolhi meu nome. É algo que sempre fez sentido para mim. Eu sempre me apresentei pras pessoas como Renato…eu gosto do significado por trás dele! Renato que vem de renascimento. É algo que sempre vi, essa sonoridade…”.

Renato deixou uma mensagem: “Não desistam! Mesmo com medo e sem certezas, vão! Vale a pena se sentir reconhecido, se sentir visível, se sentir validade, se sentir uma pessoa que, de fato, existe perante a sociedade, perante nossas instâncias…me sinto forte”.


OUÇA entrevista com Renato Nunes Cirino:


Jozivan Antero – Polêmica Patos