Pelo menos 13 mulheres foram assassinadas na Paraíba no primeiro trimestre de 2023, cerca de 4,9% do total de crimes do estado. É o que mostra os dados do Núcleo de Análise Criminal e Estatística do Governo do Estado, solicitados pelo g1 via Lei de Acesso à Informação. Do total de mortes, 4 estão sendo investigadas pela Polícia Civil como feminicídio. De acordo com o levantamento, nenhuma mulher foi morta no mês de março.
A Lei nº 13.104/2015 torna o feminicídio um homicídio qualificado e o coloca na lista de crimes hediondos, com penas mais altas. Conforme a lei, considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Ou seja, quatro mulheres foram mortas na Paraíba, no primeiro trimestre deste ano, pelo simples fato de serem mulheres.
Entre o total de casos registrados, além dos 4 feminicídios, 9 são homicídios dolosos, quando não há relação com o gênero. As mortes são tratadas, tecnicamente, como Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI).
Na comparação com o mesmo período de 2022, o número de feminicídios se manteve estável, enquanto que o de homicídios contra mulheres aumentou em 1 caso. No total de mulheres mortas, o número se manteve.
Já na comparação com 2021, houve queda. Em dois anos, houve uma redução de 38% e de 8 casos em números absolutos.
Morreu porque terminou o relacionamento
Uma das quatro vítimas de feminicídio na Paraíba, no primeiro trimestre de 2023, foi Grazielle Maria Dantas Nunes, com nome, história, filhos e família. Tinha apenas 22 anos. Foi morta com um tiro na cabeça, no dia 28 de janeiro, em Pedra Lavrada, no Seridó paraibano.
O suspeito é o ex-companheiro dela, que não aceitava o término do relacionamento. Conforme informações da Polícia Civil, o feminicídio aconteceu na frente da mãe e do filho de dois anos da vítima.
A vítima estava na casa da sua mãe, quando foi a um bar a pedido de uma vizinha. No caminho, Grazielle Nunes foi surpreendida por Cleiton, que iniciou uma discussão e, puxando-a por uma das mãos, começou a levá-la de volta para a casa contra a sua vontade. Ela então começou a gritar por socorro.
Ao chegar à residência, Cleiton sacou um revólver e mandou que todos entrassem dentro do imóvel. Estavam presentes o irmão, a mãe e o filho da vítima – de apenas 2 anos de idade, oriundo da união com o denunciado.
Ainda conforme o MPPB, a vítima se encostou na porta de entrada, momento em que o Cleiton colocou a arma de fogo na sua testa e efetuou disparo à queima-roupa, sem dar chances de defesa para Grazielle, além de ter cometido o crime na presença do filho e da mãe da vítima.
Cleiton Salustio de Sousa foi encontrado na zona rural do município de Tenório, e encontra-se, atualmente, na cadeia pública de Cubati.
Como denunciar
Denúncias de estupros, tentativas de feminicídios, feminicídios e outros tipos de violência contra a mulher podem ser feitas por meio de três telefones:
- 197 (Disque Denúncia da Polícia Civil)
- 180 (Central de Atendimento à Mulher)
- 190 (Disque Denúncia da Polícia Militar – em casos de emergência)
Além disso, na Paraíba o aplicativo SOS Mulher PB está disponível para celulares com sistemas operacionais Android e IOS e tem diversos recursos, como a denúncia via telefone pelo 180, por formulário e e-mail.
As informações são enviadas diretamente para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que fica encarregado de providenciar as investigações.
Fonte: G1 Paraíba