Padre Zezinho, um dos mais conceituados padres da Igreja Católica, faz desabafo diante dos ataques recentes dos seguidores de Bolsonaro. O relato do padre, que também é cantor e compositor de sucesso, está em sua página do Facebook.
O relato do padre aconteceu logo após o lamentável episódio ocorrido em Aparecida, São Paulo, onde seguidores de Bolsonaro fizeram atos políticos durante a cerimônia religiosa e chegaram a atacar repórteres da TV Aparecida e da TV Vanguarda.
Na terça-feira, dia 11 de outubro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou uma nota sobre o momento político e lamentou o uso da religião. Sem citar Bolsonaro, a CNBB citou a manipulação da fé.
Veja relato do Padre Zezinho:
“CANSEI DE ABRIR ESPAÇO PARA CATÓLICOS SUPER POLITIZADOS, IRADOS E INSATISFEITOS COM NOSSA IGREJA . ESTOU ME RETIRANDO ATÉ DIA 31.
DEPOIS DAS OFENSAS DE HOJE CONTRA O PAPA , contra os bispos,contra mim, com calúnias e palavras de baixo calão estou fechando esta página até dia 31 de outubro.
O triste é que as ofensas são todas de católicos radicais que preferiram o seu partido político ao catecismo católico.
São Paulo tinha razão quando escreveu as epístolas a Timóteo e aos cristãos de Tessalônica. Não querem catequese, nem o Vaticano II, nem os documentos da CNBB, nem nenhuma orientação social e espiritual.
Já escolheram ser catequizados por dois poderosos políticos brasileiros.
Meus 81 anos, meus 56 anos de padre, meus 102 livros, minha cultura religiosa, minhas mais de 2 mil canções nada dizem para eles. Insistem que não lhes sirvo mais como padre e pregador para eles.
Acharam candidatos mais católicos do que Papas e bispos, cujos documentos nunca leram . A Bíblia nada lhes diz. Só conhecem as passagens políticas que ajudem o seu partido. Padre bom é o que vota como eles .
Quem ajuda a dialogar com a Bíblia na mão é visto como padre inútil, ateu, comunista ou ultrapassado. Nem o Papa argentino escapa. Há 2 mil anos os escribas, fariseus e saduceus e outros quatro grupos políticos fizeram o mesmo com Jesus. Para estes religiosos radicais e ultra politizados, tudo o que ele dizia era errado.
Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã.
Dia 31 voltarei a conversar com os católicos serenos que ainda querem catequese espiritual e social e comportamental. Os outros já decidiram. Não querem estes livros que usamos para ensinar a fé católica.
Espero que estes católicos irados que desqualificam qualquer bispo ou padre que ousa ensinar um fiel a pensar como católicos, consigam o que querem .
Querem um Brasil direitista ou esquerdista, porque está claro que não aceitam nenhuma pregação moderada que propõe diálogo político, social e ecumênico.”
Jozivan Antero – Polêmica Patos